IA: o que pode, o que não pode

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José Renato Nalini (*)

A Inteligência Artificial está à nossa disposição faz tempo. Só que ela não para. Aprimora-se, até o ponto de se tornar perigosa. Há quem acredite que ela foi a última invenção humana. A partir daí, a IA vai prescindir dos humanos para se tornar cada vez mais inteligente.

Daí a preocupação com sua disciplina. Será possível regulamentá-la? O mundo inteiro está pensando nisso. É claro que, em princípio, a IA é uma grande vantagem. Facilita a vida das pessoas. Mas a humanidade tem o fetiche da lei. Quer normatizar tudo. Acredita que, regulando de forma percuciente e minuciosa, afasta os perigos do mau uso.

Tudo passa pelas aspirações, anseios e necessidades individuais do ser humano. A regulamentação da IA precisaria garantir a segurança e a proteção dos direitos humanos de primeira dimensão. Os sistemas superinteligentes podem se converter em pensadores mais criativos, originais e surpreendentes do que nós. E, em tese, trabalham sem os freios inibitórios da ética, da moral e do direito.

Há várias categorias de risco no uso da IA. As de baixo risco são aquelas que incluem jogos de vídeo, os games e os algoritmos que organizam nossas redes sociais. À evidência, todos nós já nos servimos disso e estamos bem contentes com a performance da IA.

Mas há categorias de alto risco: o uso médico. Vedar a celebração de contratos com as empresas de saúde. O uso eleitoral: conduzir o voto do cidadão e impedi-lo de fazer a melhor escolha. Não subestimemos a imbecilidade dos racionais.

Todavia, o mais perigoso é a categoria do uso inaceitável da Inteligência Artificial. São as concretas ameaças aos direitos fundamentais. Por exemplo, a classificação biométrica baseada em religião ou raça. O reconhecimento de emoções no local de trabalho. A extração não consentida de rostos de câmeras em lugares públicos. O acompanhamento do indivíduo em sua intimidade: a patrulha das companhias, das frequências e das práticas.

É de se refletir que a ciência e a tecnologia avançam de forma autônoma. Quem é que acredita que os humanos adotarão a autocontenção e, em nome da preservação de princípios, deixem de lucrar com suas invenções e de torná-las instrumento de dominação dos irmãos?

(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário Executivo de Mudanças Climáticas de São Paulo.

(Imprensa Renato Nalini)

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